Cistos são lesões preenchidas por líquido, podendo ser únicos ou múltiplos e não têm uma causa definida. A maioria não causa sintomas e é diagnosticada de forma incidental. Costumam ser benignos, porém alguns podem se transformar em câncer. Existem alguns tipos de cistos pancreáticos:
São lesões benignas, que em geral não causam sintomas, não tem potencial de malignidade e não requerem tratamento. Podem ser encontrados em até 2% dos pacientes que fazem tomografia ou ressonância por outro motivo.
São cistos pancreáticos que não possuem comunicação com o ducto pancreático. É mais comum em pacientes com mais de 60 anos, geralmente não causa sintomas e o diagnóstico é incidental.
O mais importante é diferenciar o cisto seroso do mucinoso, pois este tem potencial de malignidade. O diagnóstico é feito por exame de imagem (tomografia ou ressonância, que é mais acurada), em que são vistas lesões císticas multiloculares, com aparência de colméia.
Não requer tratamento cirúrgico, a não ser que seja de grande volume e cause compressão local com sintomas.
Cisto pancreático que não se comunica com o sistema ductal. Ocorre quase exclusivamente em mulheres de 50-70 anos. Tem potencial de malignidade (aproximadamente 15%), por isso é necessário acompanhamento ou cirurgia (veja as indicações abaixo!).
O diagnóstico é feito por exame de imagem, em geral é realizada a colangiorressonância e é importante diferenciar as lesões serosas. O cisto mucinoso se caracteriza por ser multiloculado (em geral com cistos maiores de 2cm), que podem ser separados e apresentar calcificações.
A ecoendoscopia (endoscopia com ultrassom) é solicitada em casos de dúvida diagnóstica, podendo realizar punção do cisto para dosagem de CEA (aumentado no cisto mucinoso e normal no seroso; cutoff de 192ng/ml) e amilase (se aumentado indica comunicação ductal, como em IMPN ou pseudoscistos).
São fatores de alto risco para malignidade e devem ser avaliados para ressecção cirúrgica: icterícia e pancreatite aguda secundária ao cisto, elevação sérica de CA19-9 (sem causa benigna comprovada), achados de imagem com presença nódulo mural ou componente sólido, dilatação ducto pancreático principal > 5mm, mudança calibre do ducto principal com atrofia a montante, tamanho > 3cm e aumento tamanho cisto > 3mm/ano.
São lesões císticas com comunicação com o ducto pancreático principal, com os ductos secundários ou ambos. São os cistos pancreáticos mais comuns (20-50%).
São lesões em geral assintomáticas, com diagnóstico incidental. A incidência desse tipo de lesão tem aumentado devido a melhora nos exames diagnósticos.
Estes cistos têm potencial de malignidade, principalmente os de ducto principal, podendo chegar a até 42% de câncer de pâncreas ou displasia de alto grau.
Os marcadores tumorais (CEA e CA 19-9) na maioria das vezes não estão alterados.
O diagnóstico é feito por tomografia ou por colangiorressonância (melhor para caracterizar os ductos pancreáticos). A ecoendoscopia (onde é possível fazer biópsia ou coletar líquido do cisto) pode ser solicitada em caso de dúvida diagnóstica ou para melhor caracterização dos cistos. Os sinais de alerta para malignidade dos cistos e indicam o tratamento cirúrgico são: ducto pancreático principal > 5-7 mm, lesão cística > 3-4 cm, cisto com componente sólido ou cistos com crescimento > 3mm/ano. Outro sinal de alerta é o diabetes de início recente com lesão pancreática concomitante ou sintomática (pancreatite, icterícia).